O aumento das taxas de amamentação exclusiva, até o sexto mês de idade, salvam seis milhões de vidas ao ano, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
O leite materno permite que os bebês se desenvolvam com mais saúde, reduzindo em 13% a mortalidade em crianças menores de cinco anos, além de diminuir o risco de doenças como colesterol alto, diabetes, hipertensão e obesidade na vida adulta, conforme o Ministério da Saúde.
Considerado um país modelo no aleitamento materno, o Brasil tem mais da metade (53%) das crianças amamentadas ao longo do primeiro ano de vida. Já entre os menores de seis meses o índice é de 45,7% e os menores de quatro meses, 60%. Os dados são do último Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani), do Ministério da Saúde.
Segundo a pediatra Luisa Sanches, do Eco Medical Center em Curitiba, o leite materno possui anticorpos que protegem o bebê contra uma série de doenças. “Diarréias, infecções respiratórias e alergias. Além disso, auxilia no desenvolvimento da face, fala e respiração”. A especialista lembra que as mães também são beneficiadas. “Redução no risco de câncer de mama e do diabetes tipo 2, além de fortalecer o vínculo entre mãe e filho, diminuir o sangramento no pós-parto, acelerar na perda de peso e proteger contra doenças cardiovasculares e osteoporose”, ressalta.
A nutricionista Sarina Giongo Antoniassi, mestre em alimentação e nutrição, que também atende no Eco Medical Center, conta que o aleitamento é uma fase de cuidado e afeto. “O leite possui todos os nutrientes e anticorpos necessários, suprindo totalmente a demanda do bebê, inclusive a hidratação. Outro benefício é que ele não precisa ser comprado, ajudando no rendimento financeiro da família, e nem manipulado, reduzindo riscos de contaminação”.
Em 34 anos, o Ministério da Saúde registrou aumento de quase 13 vezes no índice de amamentação exclusiva em crianças menores de 4 meses e aproximadamente 16 vezes em crianças menores de seis meses.
Valor nutricional
O leite materno é o alimento mais completo para os primeiros meses de vida, rico em proteínas, vitaminas, gordura, água e os demais nutrientes e cumpre sua missão independente da dieta adotada pela mãe. “Estudos confirmam que toda mãe produzirá o leite adequado e nutritivo para o desenvolvimento do filho, uma dieta inadequada trará mais prejuízos para a mãe do que para o bebê. A restrição na alimentação materna acontece apenas em casos de alergia e é necessário ter cautela quando falamos em produtos com cafeína e bebidas alcóolicas”, ressalta a pediatra.
A indicação é que os bebês sejam alimentados exclusivamente com leite materno até os seis meses, devendo continuar até o segundo ano de vida ou mais. Segundo Sarina, são sinais de que o bebê já pode começar a introdução alimentar “ter mais de seis meses, conseguir ficar sentado sem apoio ou com pouco apoio, sustentar a cabeça e o tronco, apresentar interesse pelos alimentos e conseguir os levar à boca, além da redução do reflexo de protrusão da língua”.
As mães que não produzem leite precisam buscar a orientação de um especialista. “É essencial manter a calma e buscar apoio do pediatra e de uma consultora de amamentação, caso todas as tentativas sejam falhas, existem fórmulas infantis no mercado para suprir a demanda do bebê”, afirma Luisa.
Esse foi o caso da advogada Marcela Pastuch Fava Borges, mãe de uma bebê de 38 dias. Ela conta que nos primeiros cinco dias teve muita dificuldade para amamentar e precisou do auxílio de uma especialista. “Não foi fácil para mim, não acertei a pega correta e minha bebê chorava de fome, o que me deixava muito nervosa. Pedi ajuda para uma consultora de amamentação e as coisas começaram a melhorar, iniciamos uma linda conexão entre mãe e filha, ela ganhou peso, começou a dormir mais e chorar menos. Amamentar é cansativo e dolorido, mas saber que eu sou responsável pela saúde, alimento e crescimento dela não tem preço”.
Já a educadora física Débora de Araujo Zenoni, mãe de um bebê de 1 ano e 5 meses, conta que tinha receio de não conseguir amamentar devido a uma cirurgia que fez antes da gestação. “Eu sempre quis muito fazer o aleitamento e tive muito leite, não enfrentei desafios, sempre foi muito tranquilo e criei uma linda conexão entre mãe e filho, considero muito importante para o bebê por ser uma fonte de nutrientes e é um momento muito especial”, ressalta.
A amamentação exige o envolvimento da sociedade e de toda uma rede de apoio para que ocorra de forma adequada. “É importante salientar que a responsabilidade da manutenção da amamentação não é só da mãe, mas também dos companheiros, cuidadores, familiares, comunidade, empregadores, colegas de trabalho, instituições de ensino infantil, profissionais de saúde e do Estado”, ressalta Sarina.
AGOSTO DOURADO - Acontece no mês de agosto a campanha de conscientização que simboliza a luta pelo incentivo à amamentação. A cor está relacionada ao ‘padrão ouro’ de qualidade do leite materno como alimento.
ECO MEDICAL CENTER - Trata-se de um complexo médico que reúne mais de 200 médicos de 35 especialidades, com equipes de pediatria e médicos especializados em vacinação. A consulta pode ser agendada pelo site, pelo aplicativo e também no próprio local. O complexo médico aceita mais de 45 planos de saúde.
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