A obesidade infantil é uma das maiores preocupações de saúde pública da atualidade. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 20% das crianças brasileiras com menos de 2 anos já apresentam excesso de peso. Destas, 40% têm obesidade e 60% estão com sobrepeso. Esses dados alarmantes reforçam a importância de compreender os fatores envolvidos no ganho de peso precoce e como condições hormonais, como o TSH elevado, podem se relacionar com esse cenário.

Obesidade: uma doença multifatorial

A Dra. Lívia de Oliveira Johansson, endocrinologista pediátrica da Eco Medical Center, destaca que “a obesidade é uma doença multifatorial e complexa, sendo em sua maioria de característica poligênica e associada a fatores ambientais”. Isso significa que, além de herança genética, hábitos alimentares, estilo de vida e até o aleitamento materno influenciam diretamente o risco da criança desenvolver obesidade.

Segundo a especialista, o risco de uma criança ter obesidade é de cerca de 9% quando nenhum dos pais apresenta a condição. Esse número sobe para 50% se um dos pais for obeso e pode chegar a 80% quando ambos os pais têm obesidade. Além disso, fatores como introdução precoce de doces na alimentação (antes dos 2 anos) e o uso excessivo de telas aumentam as chances de obesidade de início precoce.

O papel da tireoide e do TSH

Muitas vezes, há confusão entre obesidade e problemas da tireoide. Um TSH elevado costuma levantar suspeitas de hipotireoidismo, mas nem sempre é o caso. O TSH (hormônio estimulante da tireoide) pode estar alterado em decorrência do excesso de peso, sem que haja, de fato, um distúrbio na glândula.

A Dra. Lívia explica: “Um TSH isoladamente elevado, com T4 livre normal, é uma consequência da obesidade e não a causa”. Essa condição é conhecida como hipotireoidismo subclínico e, segundo a especialista, não exige necessariamente o uso de medicamentos. “Uma melhora da alimentação e dos hábitos de vida costuma normalizar os níveis de TSH”, reforça.

Quando o TSH elevado pode preocupar?

Embora o hipotireoidismo subclínico não represente uma causa direta de ganho de peso, ele pode ter outras implicações para a saúde. Estudos mostram que o TSH elevado pode estar relacionado a alterações no metabolismo lipídico, aumentando os níveis de colesterol e triglicerídeos — o que impacta diretamente o risco cardiovascular, mesmo em crianças.

“É importante destacar que esse aumento do TSH, associado à obesidade, pode elevar o risco cardiovascular pela elevação de triglicerídeos e colesterol, independentemente da idade, sexo ou IMC”, ressalta a Dra. Lívia. Isso torna o acompanhamento médico e a prevenção ainda mais relevantes.

Prevenção é o melhor caminho

A chave para evitar o agravamento desse cenário está na prevenção. Estimular a alimentação saudável desde os primeiros anos de vida, evitar o uso precoce de eletrônicos e incentivar a prática de atividades físicas são atitudes fundamentais para o desenvolvimento saudável das crianças.

Além disso, é essencial manter o acompanhamento com profissionais de saúde que possam avaliar o crescimento e o desenvolvimento da criança, identificar alterações hormonais e orientar quanto às melhores estratégias de prevenção e tratamento.

Cuidar desde cedo faz toda a diferença

A obesidade não deve ser encarada como um problema estético, mas como uma condição que pode afetar diferentes funções do corpo — inclusive os hormônios. “Observar alterações no TSH e na função da tireoide pode ser parte importante na investigação da obesidade, mas o acompanhamento médico é essencial para entender cada caso com profundidade”, orienta a Dra. Lívia Ferreira.

No Eco, o cuidado com a saúde da criança é prioridade. Com um time multidisciplinar e acompanhamento contínuo, oferecemos suporte completo para diagnóstico e tratamento de condições como a obesidade infantil e seus impactos metabólicos.