Por ano, mais de 40% das internações por desidratação no SUS são de pacientes acima de 60 anos, segundo dados do Datasus, e aproximadamente 25% são de crianças menores de 5 anos.
Algumas características fazem dos idosos o público mais vulnerável à desidratação. Isso porque o idoso naturalmente possui menos água no organismo e também tem menos sede do que pessoas de outras idades. Porém, ele apresenta a mesma necessidade de ingestão de líquidos, às vezes até maior. Com relação às crianças, o fato de não ingerirem líquidos por conta própria também exige atenção redobrada dos pais e responsáveis.
Os riscos da desidratação - situação que ocorre quando a pessoa perde água do corpo - vieram à tona com o recente episódio do óbito de uma jovem durante o show da cantora estadunidense Taylor Swift, no Rio de Janeiro. O episódio trouxe o alerta sobre os cuidados que devem ser tomados em dias de altas temperaturas.
A desidratação pode ocorrer por quadros de diarreia, vômitos e queimaduras extensas da pele, mas a exposição a calor excessivo também pode levar a perda significativa de água do organismo.
O médico Caio Pellizzari, nefrologista que atua no Eco Medical Center, explica que é recomendada a ingestão de 30 a 35 mL de água por quilo de peso por dia. "Ou seja, uma pessoa de 70Kg deveria ingerir de 2,0 a 2,5 litros de líquido por dia. Em situações de temperaturas muito elevadas, o consumo de líquido deve ser ainda maior. Isso porque o calor faz com que a pessoa transpire mais e perca mais água do corpo", explica o nefrologista.
Sintomas de desidratação
Entre os principais sintomas da desidratação estão sede, boca seca, pele ressecada, pressão baixa e tontura. Em casos mais graves, ela pode levar a quadros de alteração neurológica (crise convulsiva e coma), alterações cardíacas (taquicardia e arritmias) e insuficiência renal.
Uma maneira prática de avaliar o grau de hidratação no dia a dia é através da cor da urina. Organismos hidratados, geralmente, expelem a urina com uma coloração de amarelo claro a quase transparente; por outro lado, urinas com tons de amarelo escuro indicam uma baixa ingestão hídrica.
"Porém, ressaltamos que portadores de insuficiência cardíaca (coração fraco), doença renal e hepática avançada precisam passar por avaliação médica para determinar a quantidade líquido que deve ingerir. Isso porque essas doenças cursam com excesso de líquido no corpo, e caso tomem muito líquido podem evoluir com descompensação", explica o médico.
Como a desidratação pode levar ao óbito
Além disso, o médico cardiologista André Bernardi, conta que o calor intenso pode gerar um aumento da demanda metabólica de cada paciente. Assim, o organismo se molda para adaptar-se àquela situação hostil de falta de água, já que a maior parte do corpo contém água.
"Nestes casos a pele tende a ficar com maior vasodilatação, ou seja, mais quente, para tentar expulsar o calor. O corpo se reorganiza com a água corporal para privilegiar essa perda de calor, retirando a água muitas vezes de órgãos nobres, o que sobrecarrega a função do coração e de órgãos nobres, especialmente o cérebro - gerando convulsões - pulmão e rins. E quando esses órgãos nobres não funcionam bem, podem colapsar, levando a óbito", relata o doutor, que também atua no Eco Medical Center.
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